quinta-feira, 4 de junho de 2009

HISTÓRICO DAS RUAS DE IPANEMA

Rua Visconde de Pirajá por Augusto Malta
No ano de 1894, um relatório do engenheiro Malvino Reis informava existir no bairro uma ou outra casa boa de moradia, sendo as demais choupanas de pescadores, ou seja, pouco mudara desde as sete casinhas recenseadas em 1879. Já em 1902 existiam cinqüenta casas próximas ao Arpoador, com, aproximadamente, quinhentos moradores. Em 1906 já residiam em Ipanema 1.006 moradores, em 118 residências. Quatro anos depois, em 1910, eram 175 residências. No ano de 1920, o excelente recenseamento geral realizado pelo Governo Epitácio Pessôa acusou as seguintes construções:

Avenida Vieira Souto possuía 45 edificações, sendo 10 térreas, 32 sobrados, três em construção. Dos prédios da Vieira Souto, todos eram residenciais exceto dois: um era uma repartição municipal e o outro um clube, o “Country”. No ano de 1922 surgiria nela o “Colégio São Paulo”.

Na Prudente de Morais, assim batizada em 1917, homenageando ao primeiro Presidente Civil da República (1894-1898), o paulista Prudente José de Morais e Barro (1841/1902); existiam 51 edificações, sendo 15 térreas e 33 sobrados, mais três em construção. Todas eram residenciais.

Na Vinte de Novembro, reconhecida em 1917, rebatizada em 1922 para Visconde de Pirajá, em homenagem ao baiano, Coronel Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, 1o. Visconde com Grandeza de Pirajá (1788-1848), o qual, de quebra, era irmão do Visconde da Torre e do Barão de Jaguaripe; existiam 94 edificações, sendo 43 térreas e 46 sobrados, mais cinco em construção. Todos eram residenciais exceto sete, eram casas de negócios (Bar Vinte, Padaria Ipanema, etc.) e uma agência dos correios.

Na 28 de Agosto, data do aniversário do Barão de Ipanema, mudou de nome em 1922 para Barão da Torre, em homenagem ao baiano, Coronel Antônio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, último senhor e administrador da Casa da Torre de Garcia D`Ávila, na Bahia, e que, em verdade, foi Barão e Visconde com Grandeza de Garcia D`Ávila(1774-1852); existiam noventa edificações, sendo 72 térreas e seis sobrados, mais duas em construção. Todas residenciais menos quatro. Uma escola, duas casas de negócios e um “centro espírita”, no 85.

Na Nascimento Silva, em homenagem ao engenheiro da antiga Prefeitura, Dr. Carlos Augusto Nascimento Silva, 1o. Diretor da Diretoria de Engenharia na República e Diretor da Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico; só existiam dezenove edificações térreas residenciais.

Na Alberto de Campos, reconhecida em 1917, sempre teve esse nome, que foi de um genro do Barão de Ipanema; só três edificações térreas residenciais.

Na 16 de Novembro, que mudou de nome em 1922 para Jangadeiros, em homenagem a um grupo de pescadores do nordeste que fez um raid de jangada pela costa brasileira, do Ceará ao Rio de Janeiro; cinco edificações, sendo uma térrea, três sobrados e um prédio não residencial.

Na Farme de Amoedo, batizada assim em 1917, homenageando o médico da antiga Prefeitura; eram 51 edificações, sendo 49 térreas e dois sobrados. Destes, um era casa de negócios e outro era não residencial.

Na Montenegro, homenagem a um dos genros do Barão, Manuel Pinto de Miranda Montenegro, casado com sua filha Sofia Moreira. Desde 1983 rebatizaram-na a rua para Vinícius de Moraes; eram só seis casas, sendo quatro térreas, um sobrado e um em construção, todos residenciais.

Na Oscar Silva, que era o nome de um dos filhos do Coronel Antônio José Silva, mudou em 1922 para Joana Angélica, freira baiana, mártir e heroína na luta pela Independência na Bahia (1761/1822); eram cinco casas, sendo duas térreas e três sobrados, todos residenciais.

Na Otávio Silva, outro filho do Coronel, mudou de nome em 1922 para Maria Quitéria, a “mulher soldado do Brasil” baiana, outra heroína nas lutas na Bahia (1792-1835); não existia construção alguma.

Na Pedro Silva, mais um filho do Coronel, mudou em 1922 para Garcia D`Ávila, em homenagem ao desbravador da Bahia Colonial, Senhor da Casa da Torre, D. Luís de Brito de Almeida de Garcia de Ávila(1520?-1609); só existia uma casa em construção.

Na Dário Silva, idem, idem, hoje batizada em homenagem ao Almirante Aníbal de Mendonça, herói do Tenentismo; eram sete edificações, sendo duas térreas, quatro sobrados e uma em construção.

Na Henrique Dumont, sempre teve esse nome, dado em 1919, em memória do engenheiro Henrique Dumont (1832-1892), pai de Alberto Santos Dumont (1871-1932), inventor do avião; nada havia sido erguido. Pudera, era o limite do bairro, dando direto para o canal da Lagoa Rodrigo de Freitas, ainda sujeito a inundações. As ruas posteriores só surgiriam depois de 1938.

Na Teixeira de Melo, homenageando o escritor e educador José Alexandre Teixeira de Melo (1833-1907), Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e Membro da Academia Brasileira de Letras; eram 28 edificações residenciais, sendo quinze térreas e doze sobrados, e uma em construção.

Na Gomes Carneiro, batizada em homenagem ao General Antônio Ernesto Gomes Carneiro (1846-1894), herói do “Cerco da Lapa”; eram 13 edificações residenciais, sendo cinco térreas, sete sobrados e uma em construção.

Na Praia do Arpoador, existiam 18 construções residenciais. Essa também mudou de nome em 1921 para Francisco Bhering, engenheiro e professor da “Escola Politécnica”, e pioneiro da radiotelegrafia no Brasil.

As praças não possuíam numeração própria. Todas as outras ruas surgiram entre 1922 e 1948.

A Barão de Jaguaripe, antiga rua 31, surgiu em 1921/1922. Era uma homenagem a Francisco Elesbão Pires de Carvalho e Albuquerque, Barão de Jaguaripe (1787-1856).

A Redentor, antiga rua 30, aberta em 1921/1922, foi rebatizada em 1928 em homenagem ao Cristo Redentor.

A Almirante Sadock de Sá, antiga rua 32, aberta em 1921/1922, foi rebatizada em 1933 homenageando ao herói do Tenentismo.

A Antônio Parreiras, aberta em 1948, batizada em homenagem ao pintor paisagista niteroiense Antônio Diogo da Silva Parreiras (1860-1937).

A Gorceix, aberta em 1933, batizada em homenagem a Henry Gorceix, engenheiro fundador da Escola de Minas.

A Paul Redfern, aberta em 1928, homenageando o aviador americano falecido em 1927 de acidente aéreo na costa do Brasil.

A avenida Epitácio Pessoa, assim batizada em homenagem ao paraibano, Presidente Epitácio da Silva Pessôa (1865-1942); no trecho de Ipanema, teve de 1919 a 1922 o nome de av. Ipanema. Os morros não eram habitados.

Quanto ao Leblon, existiam em 1920 apenas 195 prédios, sendo uma casa de negócios e quatro pensões. As casas se subdividiam pela Dias Ferreira (108), rua do “Pau” (29), “Praia do Pinto” (54) e “Pedra do Baiano” (4). A restinga do Leblon, sua orla e praia, estavam desertas como no século anterior.

Tudo isso totalizavam mais de 433 edificações em todo o bairro de Ipanema, (não incluindo aqui as tais 195 do Leblon) sendo onze casas de negócio, um clube, uma repartição federal (correio), uma municipal, uma escola particular e duas construções diversas não residenciais (uma era a estação dos bondes). A população beirava os 4.000 moradores.

A Firma Kennedy/Miranda fechou as portas em 1927. Não existiam mais terrenos disponíveis. Em princípio, a via mais procurada era a “Rua 20” e suas vizinhas, no trecho mais próximo ao Arpoador, haja vista que a água potável só chegava por canos vindos do “Posto 6”.

2 comentários:

Unknown disse...

Muito bacana mesmo as informações.

Unknown disse...

Muito bacana mesmo as informações.